Eu cheguei a pesar 101kg, lá pelos idos de 2013/2014.
Sedentário. Comia tudo o que queria, sem nenhum tipo de restrição ou avaliação da qualidade/quantidade do que ingeria. Fazia piadas sobre meu peso, como afirmar que comida gordurosa era como o óleo do motor de um carro – e que aquela gordura viraria, na verdade, lubrificante para o sangue correr melhor em minhas veias. Essa é apenas uma dentre outras piadinhas infames…

Depois de algumas mudanças de ordem familiar em minha vida, decidi que deveria também fazer outras mudanças. Precisava me cuidar mais. Além desse “estilo de vida” (sedentário/glutão), há casos de problemas cardíacos na minha família. As diversas taxas que o cardiologista examinou não estavam ainda em níveis preocupantes (ainda!). Porém, além do claro sobrepeso, já começava a flertar de longe com complicações para minha saúde. E, infelizmente, nenhum de nós está ficando mais jovem.

Hoje minha dieta é ditada por nutricionista. Claro que fujo às vezes (poucos não fogem, para tranquilidade da minha consciência), mas isso nem se compara a como eu me alimentava antes. Cortei refrigerante totalmente e bebo mais água. Como muito mais frutas, saladas, verduras e legumes. Descobri que arroz integral, coalhada, tapioca e sementes são coisas gostosas. Também estou me mexendo um pouco mais: pedalo, corro e remo canoa havaiana. Atualmente, é raro um dia da semana em que eu não faça ao menos uma dessas atividades. Minhas taxas estão ótimas, o percentual de gordura caiu e o de massa magra subiu – mas ainda estou trabalhando para melhorar esses indicadores. Hoje peso cerca de 84kg.

Minha saúde não estava debilitada, não aconteceu nada trágico comigo. Não superei a morte ou alguma grande perda. Buscando mais disposição e qualidade de vida, emagreci e fui me exercitar um pouco. Essa é uma pequena parte da história de um gerente de projetos.

E compartilhei essa breve história para te perguntar o seguinte: o que faz uma vitória ser considerada grande ou pequena? Essa minha história é igual a de muita gente por aí, sem dúvidas. Mas, toda vez que ouço pessoas falando em “pequenas vitórias”, me sinto incomodado. O escritor russo Leonid Maximovich Leonov é autor da frase “Nenhuma grande vitória é possível sem que tenha sido precedida de pequenas vitórias sobre nós mesmos.” Vou ousar discordar parcialmente dele, pois de fato acredito que não há “pequenas vitórias”. Só há… VITÓRIAS!

É raro ver alguém falar em “pequenas derrotas”: confesso que não me lembro de ter ouvido isso recentemente, mas ouvi a expressão “pequenas vitórias” tem pouquíssimo tempo. Derrota é derrota e vitória é vitória. Não importa o placar, a distância ou o tempo.

Veja: não há diferença entre aquela pessoa que passou uma vida inteira de sedentarismo (opa!) e conseguiu, finalmente, correr de forma ininterrupta 5 ou 10km, e o atleta que acabou de bater sua melhor marca. Ambos precisaram se dedicar, se esforçar, ter disciplina e garra. Ambos superaram seus próprios limites. O quão longe um limite está, não importa. ERA o seu limite, e agora você o rompeu. Você venceu!

O mesmo se aplica ao cotidiano de uma equipe de projetos. Não importa quão complexo possa parecer o ambiente em que outras organizações se encontram ou quão fantásticos os resultados alheios soem. Um marco com prazo apertado que foi atendido ou um orçamento que precisava ser enxugado e sua equipe, com muita criatividade descobriu como, não são pequenas vitórias. São vitórias!

Sua equipe não deve crer que alcançou “pequenas vitórias”. Isso seria diminuir, menosprezar essas pessoas. Toda vitória é sinal de dedicação e comprometimento. Toda vitória deve ser devidamente ressaltada, documentada e celebrada. Sim, celebre! Não é “marketing demais” não. Valorize as pessoas e suas vitórias, pois isso certamente exigiu delas “algo a mais”.

Vou ser repetitivo intencionalmente, pois quero ressaltar essa questão. Dizer que sua equipe obteve uma pequena vitória é diminuí-la. Ao invés disso, considere que sua equipe conquistou MAIS UMA VITÓRIA.

Em tempo: estou publicando esse texto após ter pedalado 60 km na segunda-feira de carnaval de 2016. Para muitos, um treino básico durante a semana. Para mim, mais uma vitória! 😉

Em tempo2: na hora de publicar o texto, achei essas duas fotos. 😉