Conta o causo popular que dois amigos, “caipiras” típicos, conversavam durante uma pescaria em um riacho que cortava a mata:
– Ô cumpádi! Se aparecesse uma onça aqui agora… Qui qui ocê fazia?
– Ah, cumpádi! Pegava ligêro minha garrucha e acertava ela no meio do zóio!
– E se a garrucha faiássi?
– Dava uma coronhada bem forte nela, cumpádi!
– Mas cumpádi… e se a garrucha escorrega da sua mão?
– Ah! Aí intão eu pegava o facão e cortava o côro da bicha!
– Mas e se ocê esqueceu o facão?
– Humm. Aí eu corria mêmo, cumpádi!
– E se ela corresse atrás docê?
– Eu subia rapidim numa árvore…
– Ô cumpádi! Onça é bicho esperto. E se ela subisse atrás docê?
– Cumpádi!! Me diz uma coisa aqui… OCÊ É MEU AMIGO…? OU É AMIGO DA ONÇA!?!?
Essa historinha conta a origem da expressão “amigo da onça”. E ilustra também uma técnica muito útil para a identificação de riscos em projetos: What if? (e se?)
Trata-se de uma técnica bastante intuitiva e de fácil aplicação. A equipe tem condições de, em um espaço curto de tempo, identificar uma série de possíveis problemas em relação ao projeto. É também flexível, pois pode ser usada em conjunto com outras técnicas.
Como conduzir?
O Gerente do Projeto pode conduzir uma sessão de brainstorming com toda a equipe e principais stakeholders para que todos possam contribuir, levantando questões “e se…?” Pode-se também separar um grupo grande em grupos menores. Após cada grupo “esgotar” sua criatividade e não conseguir mais listar novos “e se”, compartilha-se essas informações com os demais.
Exemplos muito comuns: e se faltar energia? e se chover em excesso durante o evento? e se for deflagrada uma greve? e se a cotação do dólar subir a ‘xx reais’? e se um palestrante perder o vôo para o congresso? e se os equipamentos de sonorização falharem? E se…..? Já deu pra entender, né? 🙂
Observe que não foi feita ainda uma avaliação de causa e consequência de cada item levantado. Geramos volume de possibilidades para, logo em seguida, refinar essas informações, identificando também essas causas e consequências.
Destaco também que, como outras técnicas para identificação de riscos, quão mais experiente for a equipe, melhores serão os resultados. Como costumo dizer: cabelos brancos valem ouro na gestão de projetos!